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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Aproximação entre moda e esporte vira tendência e estilistas vestem países nos Jogos

Phillips Idowu, Usain Bolt e Ryan Lochte com uniformes 
assinados por estilistas que usarão em Londres
A tecnologia é própria do que se espera do uniforme de um atleta de ponta, mas o estilo é diferente. É essa impressão que Reino Unido, EUA e Jamaica esperam passar ao público. Os três países vão aos Jogos Olímpicos de Londres vestidos com roupas desenhadas por estilistas, reforçando a aproximação entre moda e esporte que especialistas da área veem como tendência.

A delegação britânica veste uniformes da Adidas assinados por Stella McCartney. Os Estados Unidos usam roupas de passeio de uma coleção especial de Ralph Lauren. E quem assina as roupas jamaicanas é Cedella Marley, filha de Bob Marley. Os três casos são apenas os exemplos mais recentes de trabalhos em conjunto entre marcas esportivas e estilistas famosos, que já chegou até à delegação brasileira há alguns anos.

“Cada vez mais a roupa esportiva entra na moda, sendo usada nos fins de semana de forma mais despojada. E como o estilista tem uma questão estética, nada mais coerente que esse trabalho seja colocado no corpo de um atleta”, explica Andreia Miron, consultora de moda e professora da Faculdade Santa Marcelina.

Em 2003, Alexandre Herchcovitvh fez uma coleção
para o esporte olímpico, apresentada com pompa
Ela defende que uma competição esportiva como os Jogos Olímpicos serve como uma espécie de vitrine para a criação dos artistas. Assim como acontece com os desfiles pelo mundo, conceitos implementados nessas roupas podem, mais adiante, serem diluídos em tendências que chegam às prateleiras.

“Há quem torça o nariz para uma possível popularização das marcas de luxo, mas no geral o mercado recebe bem essas colaborações. Em termos de influência nos desfiles, o que acontece é o contrário. As coleções para equipes esportivas acabam diluindo as tendências das passarelas e aproximando esses novos conceitos do público geral, menos ligado em moda”, disse Fernanda Schimidt, editora de moda do UOL Mulher.

Uma das diferenças para o trabalho convencional de um estilista é a limitação que o alto rendimento impõe. Se em uma passarela normal o artista pode brincar com formatos, tipos de tecidos e cores, nas Olimpíadas o trabalho dele tem de ser aplicado em uma roupa tecnológica que remeta às cores da bandeira do país.

Cabe a ele, então, aplicar conceitos de estética e diferentes disposições de cores que deem originalidade àquele uniforme. Com alguma dificuldade, isso é possível mesmo em ambientes restritivos como o futebol, em que a torcida geralmente é avessa a mudanças. A marca brasileira Penalty, por exemplo, há alguns anos tem uma parceria com a grife Cavalera, que já assinou camisas de clubes como Portuguesa e Vasco.

“A criação dos uniformes tem orientação na história e na tradição do clube, nas diretrizes previstas no estatuto, bem como na harmonização da aplicação das marcas dos patrocinadores da equipe”, explica a Penalty, que lançou uma camisa preta para a Portuguesa e outra com uma cruz vermelha no peito para o Vasco.

Antes da tendência chegar ao futebol, ela já havia sido aplicada no esporte olímpico verde-amarelo. Em 2003 e 2004, Alexandre Herchcovitch assinou os uniformes da delegação brasileira que foi ao Pan e aos Jogos Olímpicos daquele ano. No ano passado, Oskar Metsavaht, criador da marca Osklen, foi convocado para fazer os uniformes usados nas cerimônias de abertura e encerramento do Pan de Guadalajara.

“A ideia é sempre trazer um nome forte, de um expoente da moda, para que o uniforme ganhe em design o que ele já tem de tecnologia. Isso não é nem focado em venda, mas sim pelo glamour que isso agrega”, disse Tullio Formicola, diretor de marketing da Olympikus, antiga patrocinadora do COB e responsável pelas iniciativas acima.

A Nike, nova parceira da entidade, fará neste ano sua primeira coleção para o esporte olímpico brasileiro. Pelo fato do acordo ter sido fechado apenas neste ano, a empresa explica que não deve lançar o uniforme do país para Londres em parceria com nenhum estilista. “É a nossa primeira vez, então por enquanto preferimos não arriscar. Vamos focar na nossa tecnologia”, disse Mário Andrada, diretor de comunicação da empresa na América Latina.

Por: Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Paulo

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Moda e Sustentabilidade

Eco-friendly, eco-fashion, roupas recicladas e novos métodos de produção de moda. Tudo sobre o modo alternativo de pensar e fazer aquilo que a gente mais gosta.


A palavra da moda é sustentabilidade e a própria moda tem refletido das maneiras mais diversas; seja através da substituição de certos materiais por outros, durante a fabricação de um acessório ou de uma peça de roupa; da reciclagem de materiais na produção de itens ou na customização e posterior reaproveitamento de um jeans.

Muito se fala na mídia da linha eco-friendly; tintas que não desbotam e que é fabricada através de procedimentos menos danosos ao meio ambiente. Mas agora o assunto são os bazares, brechós. e roupas recicladas.

Indumentárias de segunda mão está na moda. A novidade vinda da Europa são as grifes vendendo peças usadas de seus próprios estoques. No Brasil a moda ainda não pegou, mas os bazares e os brechós virtuais têm-se popularizado a cada ano.


A moda é veloz e as coleções vêm e vão rapidinho. Toda essa produção massificada entulha o ambiente. Nem bem se curte as novas aquisições, há novas opções nas prateleiras e a necessidade de consumo. Toda essa “descartabilidade” custa caro no bolso e para o planeta.

Como exemplo temos os Estados Unidos, sem dúvida um dos países mais consumistas, que, segundo dados da EPA, agência americana de proteção ao meio ambiente, jogou fora cerca de 7 mil toneladas em roupas e sapatos só no ano de 2007. Hoje, de tudo o que é descartado no país, apenas 15% é reciclado. Para que se tenha uma ideia do aumento da proporção do consumo, na década de oitenta, os descartes somavam 2 mil toneladas.

Uma das maiores economias do mundo, a indústria têxtil utiliza matérias-primas naturais como a lã e o algodão, mas a preocupação está no uso de materiais sintéticos. Feitas a partir de petroquímicos, são mais baratas e práticas, sua produção, no entanto, é bastante poluente e os artificiais demoram muitos anos para se decomporem.

Nos últimos anos, as indústrias têm procurado meios de produção menos impactantes e utilizado materiais mais duráveis, cuja produção polua menos. A onda eco-fashion, como vem sendo chamada, tem chamado a atenção de grandes empresas e grifes de renome. A preocupação com a qualidade e na produção com os menores ônus para o meio ambiente enseja a tomada de postura por parte dos donos de grandes fábricas.


A febre é o orgânico, desde as fibras que compõem os tecidos. E alta tecnologia é empregada para o desenvolvimento de fibras com essa característica. O algodão, a juta e o bambu, por exemplo, produzidos sem o uso de pesticidas ou inseticidas e com água reciclada. Tudo isso emprega maior mão de obra, claro, mas ajuda a preservar o planeta.

A maior novidade surge com o trabalho em materiais inusitados como garrafas PET transformadas em tecido e pneus em solas de sapato. As inovações são ilimitadas.

O grande problema é o custo. O algodão biológico, por exemplo, ainda custa muito caro se comparado às matérias-primas tradicionais, e isso afasta as distribuidoras. Um caminho para a solução surgiu na Suécia quando várias marcas decidiram abrir suas lojas de Segunda mão – Second Hand Store – nessas lojas, o cliente pode vender uma peça de uma antiga coleção, que, claro, são avaliadas pela equipe da loja, a partir do que é estipulado um preço, ou levar uma roupa que já foi utilizada diversas vezes, quase nova, pra casa.


Às vezes nem é necessário comprar. Lá mesmo, no guarda-roupas, há aquela roupa que há tempos são é usada, mas que hoje comporia um look interessante com outras peças recentemente adquiridas, ou mesmo depois de customizadas e, portanto, renovadas.

A designer canadense Kim Munson, que já precisou dar aquela atualizada numas roupas velhas, transformou a coisa em negócio no ano de 2003. A Orphanage Clothing Company vende peças exclusivas que foram produzidas a partir de roupas velhas doadas. São camisetas, jaquetas, vestidos, tudo com um valor agregado ainda maior do que tinham quando chegaram.

Os produtos fazem sucesso em várias partes do mundo, não chegaram por aqui ainda, contudo. O weblog Talk Green, criado em 2008 com fins de divulgar pensamentos e conclusões a respeito de questões ambientais e produtos, definiu o trabalho como uma verdadeira adoção, onde roupas indesejadas tornam-se o alvo do interesse e da alegria de outras pessoas.

A proposta dos bazares é menos complexa, mas não menos interessante. Por aqui surgem alguns de vez em quando, onde peças de grife são vendidas a preços módicos. Há bastante qualidade, porque de fato as roupas restam quase novas, e são lindas. Atitudes como essas, de customização, reaproveitamento e produção consciente refletem uma preocupação que favorece o planeta sem causar prejuízos ao consumo e à imagem de quem compra claro.

Vários meios de comunicação têm participado da divulgação dessa nova postura. No quesito produção sustentável, as contradições no setor industrial têm chamado a atenção de jornalistas e diretores como o chinês Jia Zhang-Ke, cujo documentário Useless mostra parte da história dos trabalhadores que laboram por salários ínfimos e em péssimas condições, e que acabam fazendo parte de uma produção que lança toneladas de lixo no meio ambiente e que estimula um consumismo desenfreado. A obra, premiada, contrasta a produção de roupas no interior deprimente das fábricas com os desfiles alegres e cheios de vida em Paris.


A exposição dessas contradições têm mexido com os hábitos da população, que têm querido conhecer e praticar o vestir consciente. E é fácil obter informações sobre o assunto. Institutos há que se preocupam com a divulgação dessas práticas, como o brasileiro Ecotece, da mineira Ana Cândida Zanesco, de apenas 28 anos, que tem sido convidada a discutir questões relevantes sobre consumo sustentável nas mais diversas mídias. Enquanto, multiplicam-se os veículos pensados com essa finalidade, de expor o que se tem feito em prol da sustentabilidade. Profissionais de moda que se dedicam que além de mudarem comportamentos, formam parcerias com ONGs e utilizam seus próprios sites ou perfis para a divulgação da ideia, como na divulgação de seu projeto Ser Sustentável com Estilo a Chiara Gadaleta que, aliás, discute as questões mais atuais sobre o tema em palestras dentro mesmo de eventos fashion.

E as trocas? Outro veículo de mudanças. Há um site dedicado a estimular permutas entre amigas. A ideia foi da americana Suzanne Agasi. Ela criou o site www.clothingwaps.com para trocar roupas entre colegas, o que favorece mudanças no guarda-roupa com peças sempre diferentes, sempre “novas” cheias do estilo que você já conhece e admira, por exemplo, numa certa amiga. Os veículos virtuais são instrumentos facilitadores e potencialmente amplos, com um alcance praticamente irrestrito. Entre muitas garotas a febre é a criação de blogs-bazares e vitrines virtuais com roupas que já não usam tanto. São definidos os preços e as compras são enviadas por correio para todo o país. Blogs como o que é Meu pode ser Seu, da médica carioca Fernanda Viera, Arara Reformada, Reciclando Moda, Única Dona, A Feira, A Brecholenta, Armário Cosmopolita, entre outros, pululam na web e fora dela, como em reuniões caseiras mesmo, como a que fez a psicanalista Sylvia Loeb, de São Paulo, entre as amigas. Uma limpeza no guarda-roupas!

Por: Igor Beltrão

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